domingo, 27 de junho de 2010

ENTENDENDO A DUALIDADE de Lisélia de Abreu Marques

              DUALIDADE
             Dimensão do Ego

                          VENCEDOR       PERDEDOR                 
    MELHOR       PIOR
              ESTAR CERTO       ESTAR  ERRADO
              VIVER       MORRER
        A MEU FAVOR       CONTRA MIM
           VANTAJOSO       PREJUDICIAL
       SE DAR BEM       SE FERRAR
                 SER AMADO       NAO SER AMADO
        GANHAR       PERDER
                     ESTAR COM A RAZÃO       NÃO ESTAR COM A RAZÃO   


Ta doendo?
Você está sentindo-se magoado, chateado, traído, desqualificado, decepcionado, chocado porque alguém disse ou fez algo que aborreceu você?
Se sim, você está na dualidade. A dualidade causa dor.

Estando você na dualidade, necessariamente está ocorrendo um conflito, mesmo que você não tenha consciência clara deste conflito, mesmo que só você saiba dele e a outra pessoa nem imagine o que está se passando entre você e ela. O conflito é a marca da dualidade, é a logomarca do engano. Onde há conflito, há dualidade.

Numa dualidade, há dois lados. Há o lado vencedor e o lado perdedor. Óbvio que você irá escolher o lado vencedor, o lado que está com a razão, o lado mais vantajoso. Assim que você se posiciona no lado da dualidade onde se encontra o vencedor, sobra à outra pessoa, o lado do perdedor. Aquele que vai se ferrar, se dar mal, ir para o inferno.

Para me assegurar de que estou com a razão e portando do mesmo lado da dualidade em que consta, o vencedor, a segurança, e o mais importante, a vid, preciso ter uma lei, uma verdade, um parâmetro que me guie nesta escolha de posição. E eu tenho. Tenho as minhas crenças pessoais, as minhas verdades, os meus parâmetros para testar e conferir a realidade dos fatos.
 
CRENÇAS PESSOAIS:
As minhas crenças serão as medidas que usarei para avaliar a realidade e me assegurar de escolher a lateralidade “segura” da dualidade.

Vamos pegar um exemplo:

“- Estou decepcionado porque fulano falou rispidamente comigo.”

Destrinchando fica assim: Escolho ficar decepcionado porque assim me colocarei na condição de vítima e colocarei o outro na condição de agressor. Afinal de contas, falar rispidamente comigo é atitude de alguém deselegante, de alguém mal-educado, de alguém insensível, de alguém mau. Logo, quem se comporta assim é o bandido, o vilão e, na dualidade, deverá ficar na mesma polaridade do perdedor, da morte, de quem vai pro inferno e a vítima, ficará a salvo se colocando na outra polaridade.

Para quem acredita que ser vítima é mais vantajoso, é melhor do que ser o agressor, as situações de abuso dão a falsa sensação de segurança, de estar do lado seguro da dualidade. Então, apesar de estar se colocando em situações de risco, de ser abusado, apesar de todo o sofrimento, a postura de vítima parecerá, ainda assim, mais segura do que a postura de agressor.

A posição de vítima serve, também, para compensar sentimentos de culpa, enquanto o sofrimento “faria justiça” aos sentimentos de menos valia, baixa auto-estima e “não merecimento de felicidade”. A posição de vítima facilita a liberação de comportamentos e emoções reprimidos e não permitidos por ela mesma, tais como a vingança e a agressão. Facilita, ainda, a manipulação; Além da sensação de poder ao oferecer o perdão e com ele a salvação ao agressor com relação a este pecado em especial.

Para quem acredita que ser o agressor é melhor, mais vantajoso, as posições de vítima e agressor se invertem na dualidade.

Outro exemplo:

“Acredito que só os mais fortes sobrevivem.”

Então preciso provar constantemente que sou forte o suficiente para continuar sobrevivendo. Paro, um momento, neste ponto para salientar que a palavra é sobreviver, o que é diferente de viver. Então para provar que estou certo, que sou forte, o suficiente, me colocarei em situações em que minha força será provada e me sentirei aliviado e seguro por estar certo. Estar certo na dualidade é estar do mesmo lado da vida em oposição a morte.

Mais um:

“Esperto" é aquele que se dá bem. O honesto é um otário que só existe para ser enganado”.

Nesta crença, a pessoa acredita que ser honesto é ser otário e que pra se dar bem na vida, ou seja, ser um vencedor, precisa aproveitar as “oportunidades”. Infelizmente muitos dos nossos políticos comungam desta crença, desta ilusão.

Neste caso, a dualidade vai pender para o lado invertido do senso comum, demonstrando como os valores que você coloca na tabela, são pessoais. Para alguém que acredita nesta crença errônea, a honestidade é um risco de vida. É se colocar a mercê de um “esperto” que irá roubá-lo, enganá-lo, prejudicá-lo. Na visão dele, enganar o outro é melhor do que ser enganado. Pois o coloca na situação de mais esperto, de melhor, de vencedor.

Apesar das cadeias estarem cheias de defensores desta crença, eles acreditam que não é a crença que está errada, mas sim, eles que não foram “espertos” o suficiente. O que contribui para baixar a autoestima deles, além de pressionar para que se esforcem mais para escapar da lei, da próxima vez.

Todos agimos com a mesma intenção: ganhar, estar certo, ser o melhor, vencer para continuar a viver. Os caminhos tortos que iremos escolher para chegar a este fim serão determinados pelas nossas conclusões equivocadas e imaturas. A dualidade oferece sempre duas opções “falsas” e aparentemente opostas. Escolhendo qualquer uma das duas opções cairemos numa armadilha. Então, abrir mão de estar certo, de ser o melhor, de ser o bom, de ser o vencedor (e isto pode significar ser o mais temido dos bandidos, o melhor ladrão de carros, o mais esperto vigarista, o vencedor na trapaça) é um caminho para se sair da dualidade. Da mesma forma que abrir mão de escolher ser a vítima, o devedor, o mais sofredor, o rejeitado também o é.

SURGIMENTO DAS CRENÇAS PESSOAIS:
Quando a criança é pequena, ela tem o universo doméstico como modelo de realidade. Ela observa o comportamento das pessoas próximas, associa os eventos e tira conclusões. Assim, também faz com os eventos naturais. Vou dar um exemplo pessoal meu: Quando eu era bem pequenina, eu achava que por ser a sombra mais escura, se eu ficasse na sombra ficaria bronzeada e por ser a luz do sol mais clara, se eu ficasse exposta ao sol, ficaria mais branquinha. Do alto dos meus primeiros anos de vida fazia sentido pra mim. Era a conclusão óbvia. Hoje, adulta percebo que aquela conclusão tirada a tenra idade era uma conclusão não–verdadeira. Isto só foi possível acontecer, porque ao longo da minha vida, esta conclusão falsa veio a baixo. Experimentando a exposição ao sol, percebi suas conseqüências e dinâmicas. Somente através da experimentação pude perceber que a minha primeira conclusão era falsa.

AS NÃO-VERDADES PRECISAM VIR A TONA:
Para serem desmascaradas, estas conclusões imaturas precisam vir à tona. E a vida é mestra em nos dar estas oportunidades. Toda vez que um conflito se estabelece ou um desconforto é sentido, eis aí uma oportunidade.

Pensando por este ponto de vista, nos damos conta de quantas vezes já tivemos a chance de testar e atualizar as nossas ”verdades” pessoais. Infelizmente, algumas primeiras conclusões, como algumas primeiras impressões não são postas a prova e se mantém como verdadeiras mesmo na vida adulta. Podemos carregar estas conclusões falsas por toda uma vida ou mais vidas e, pelo tempo que durarem, as não-verdades irão gerar conflitos. Estas falsas conclusões geram conflitos, exatamente, por não serem verdades. Quando compartilhamos da Verdade única e verdadeira não há conflito.

O termo “não-verdade”, me faz lembrar de um seriado antigo de TV – “A Família Dinossauro”. Na família havia um bebê chamado simplesmente de Baby. E o Baby repetia sempre a mesma frase: “- Não é a mamãe. Não é a mamãe.” Para ele as pessoas se dividiam assim. De um lado a mamãe e do outro todo o resto do mundo, inclusive o pai, o qual ele também chamava de “não é a mamãe.’ Então, assim como para o Baby, existe uma única e verdadeira mamãe, há uma Verdade, única e verdadeira, e tudo que não for esta verdade é não-verdade.

UNIDADE:
Uma definição muito famosa de Unidade se encontra na frase: “- Eu sou o caminho, a verdade, a vida.” dita por Jesus Cristo. Na Unidade há apenas um caminho. O caminho traçado por Deus através da "Constituição Divina". Não há dois caminhos, assim como não há, para Deus, duas Constituições, "dois pesos e duas medidas".

Percorrer o caminho é algo muito pessoal. Podemos nos afastar do caminho e sair da Unidade, mas para estar na Unidade é preciso estar no caminho, ou seja, na Verdade. A Verdade é a realidade. Não a nossa percepção pessoal e alterada da realidade, mas a realidade pura e simples como ela é.

DUALIDADE:
Dualidade é quando nos desviamos do caminho, é o resultado do afastamento da Unidade. Da mesma forma que o bandido do exemplo anterior foi para a cadeia por descumprir as leis dos homens, nós habitantes da Terra, hoje vivemos aqui, na superfície do nosso lindo planeta azul por conta, também de termos quebrado algumas leis, só que, no nosso caso, quebramos leis divinas. Quebrar as leis divinas, nos afastar da Verdade Única, da Unidade, gera um desequilíbrio e este desequilíbrio provoca uma distorção na percepção da realidade – a dualidade.

EGO:
O Ego (a nossa consciência mais exterior) foi criado junto com o corpo causal, também chamado de corpo mental. Você lembra da frase: “Penso, logo existo.” ? Você Imagina, agora, quem disse isto? Pois é, ele mesmo, o Ego.

O nosso Ego, como um sistema operacional de computador tipo Windows, Linux, MacOS, etc. gerencia os recursos, organiza, elabora, estabelece metas, e faz o que pode com as informações (muito pouco precisas) de que dispõe.  Sugiro esta comparação para dizer que o Ego é um grande instrumento e é o que temos para trabalhar a nós mesmos.

O nosso Higher self, o nosso Eu mais alto (em freqüência de vibração), nosso Eu Superior, seria o usuário que cria os arquivos, digamos assim. Ele fotografa, ele pinta, ele esculpe, ele compõe, ele redige, ele projeta e salva estes arquivos, respeitando a compatibilidade, no sistema operacional ou seja no Ego.  Acontece, porém, do Ego se identificar com as criações do Eu Superior e achar que as fotos foram tiradas por ele, que os quadros foram pintados por ele, que os livros foram escritos por ele. Apesar de ser o depositário, ele se percebe o Autor. A natureza agregadora e colecionadora do Ego gera esta confusão. Além de agregar, o nosso ego faz, também, associações. E é aí que a coisa pega. Ele tenta compreender o mundo e a realidade, associando, a maneira, ainda, precária dele, a Lei de ação e reação.

PERCEPÇÃO DA REALIDADE:
Perceber a realidade verdadeira é muito difícil do ponto de vista do Ego, a partir do seu ponto de observação. Da mesma forma que o Ego se encontra na periferia do nosso Ser Original, a Terra se encontra na periferia da Via Láctea. E estando na bordinha, quase pendurados não temos uma visão clara de como é o centro da nossa galáxia. Os cientistas se esforçam para criar imagens de como é a nossa galáxia a partir de fotos que registram pedacinhos, fragmentos da nossa vizinhança mais próxima. Assim, também, somos nós. Da nossa posição, na periferia de nós mesmos, temos apenas fragmentos para trabalhar o nosso auto-conhecimento. É difícil enxergar o centro de nós mesmos, ou seja nosso Eu Superior. Do lugar em que o Ego se encontra, na periferia do Ser, ele tenta compreender o mundo. Tenta entender como as coisas funcionam a partir da observação, associação e conclusão. Ele observa um fato e tenta relacionar este fato à Lei de causa e efeito, ação e reação. É assim que o Ego observa um evento, associa os fatos ou a aparência dos fatos e conclui uma verdade pessoal.

SUPERSTIÇÕES, PRECONCEITOS E CONCLUSÕES EQUIVOCADAS:
Partindo da nossa capacidade de associação e conclusão, vamos associando percepções incompletas e tirando conclusões nem sempre maduras e vamos criando superstições, preconceitos, conclusões equivocadas que nada mais são do que não-verdades.

FIGURAS DE AUTORIDADE:
Muitas das nossas conclusões equivocadas, das superstições, das crenças pessoais, dos preconceitos são adquiridos desde cedo, em nossa vida. Quando crianças, observamos os adultos próximos, aqueles que julgamos os vencedores, os mais fortes, os melhores. Eles são os nossos pais, nossos irmãos, nossos tios, avós, vizinhos, professores. Estas figuras representam um modelo a seguir. Estes modelos são figuras de autoridade em nossas vidas.

Por conta das figuras de autoridade ocuparem o lado do vencedor na dualidade, nos resta o lugar do perdedor, senão admirador ou crítico.

Se nos sentirmos perdedores, competiremos com eles, tentando vencê-los com a intenção de tomar para nós a posição deles de vencedor, deixando para eles, a nossa outrora posição de perdedor. A disputa pelo poder, os golpes de estado, as trapaças, os duelos, as rasteiras no chefe refletem bem isto. A percepção distorcida da realidade Única, a dualidade vê o mundo em ou eu ou ele, ou meu ou dele. A inveja parte do mesmo princípio.

Já quando os admiramos queremos nos igualar a eles e os tomamos como exemplos do que queremos nos tornar. E quando os criticamos os tomamos como exemplos do que não queremos nos tornar ou negamos ser.

Em qualquer situação, estas figuras são objeto das nossas projeções. Projetamos nelas as nossas crenças, as nossas conclusões sobre os fatos da vida. Elas refletem para nós o que acreditamos, assim como espelhos refletem a imagem que neles é projetada. Se projetamos algo feio e assustador é isto o que vemos. Se projetamos algo belo e reconfortante é isto o que vemos. Vemos nossa dualidade exposta, refletida. E aquilo que podemos aceitar em nós, aceitamos no outro, da mesma forma que aquilo que rejeitamos em nós, rejeitamos no outro.

Assim como uma janela suja compromete a visão da paisagem lá fora, a dualidade compromete a percepção da realidade. E, é através da janela suja da dualidade que olhamos para os outros e, também, para os nossos pais. E nossos pais, assim, também olham para os outros e para nós. Então eu me pergunto: “- Será que algum dia vimos uns aos outros e a nós mesmos como realmente somos? Ou será que vemos apenas partes de nós próprios projetadas nos outros? Será que o mundo não passa de uma grande tela onde projetamos a nós mesmos e enxergamos lá fora o que existe aqui dentro? Onde está a verdadeira realidade? Onde está a Unidade, como encontrá-la?

Neste mundo de dualidade e ilusão quem tem um cão guia é rei. E, por incrível, que pareça, advinha quem é esse cão guia? Logo quem? Ele mesmo. O nosso Ego. Mas por que logo o Ego? Porque a dualidade é a dimensão do Ego. Através das faculdades do Ego, de um ego saudável, de preferência, podemos encontrar o Caminho, a Unidade. A nossa Consciência de mais alta vibração, o nosso Eu Superior vai deixando as pistas do caminho para que o nosso Ego encontre e corrija, limpe e purifique a confusão, as conclusões equivocadas e encontre a verdadeira realidade. A verdade por trás da dualidade.

A QUEDA:
A dualidade é como uma doença. É como um câncer de garganta gerado por anos de tabagismo. Aos pouquinhos, desde a nossa criação, fomos adoecendo sem perceber, fomos nos afastando da Verdade, fomos percebendo as coisas distorcidas. A dualidade foi se estabelecendo como uma tontura que chega devagar e depois se solidifica e compromete toda a nossa vida.


TRANSFERÊNCIA:
Sair da dualidade é ir curando essa anomalia. A vida, todos os dias, nos oferece as oportunidades para desfazermos as ilusões. Cada dor, cada conflito é um sinalizador de oportunidades, e uma grande oportunidade está na nossa relação com os nossos pais. De modo geral, as ilusões, as crenças em relação aos nossos pais, a dualidade deles, nos afetaram de maneira mais intensa. Pela convivência e até pela ausência, eles nos afetaram, nos influenciaram, despertaram a nossa própria dualidade latente. Eles são nosso maior e melhor espelho, principalmente, se nossas relações com eles são conflituosas e difíceis. As relações difíceis com ambos os pais, ou apenas com um deles, podem perdurar na vida adulta e este conflito será transferido para outros relacionamentos, para outras pessoas nas quais projetaremos nossa relação mal-resolvida com nosso pai ou com nossa mãe e com os quais entraremos em conflito. É comum que cônjuges e figuras de autoridade assumam esta transferência.

Em nossa infância, nossos pais eram as maiores autoridades. Então, chefes, professores, síndicos, delegados, padres, juízes passam a refletir essa nossa relação mal-resolvida com os nossos pais.

A autoridade, por si só, já representa o “vencedor”. É ela quem manda, é a autoridade que exerce e detém o poder. Na nossa visão dualística das coisas, se um é o vencedor, o outro será o perdedor. E, na relação com a autoridade, a autoridade é o vencedor. Logo, nos cabe a posição, desconfortável do perdedor. É claro, que isto é uma ilusão, mas é assim que a ilusão funciona, sendo sentida como uma verdade. Apesar de intelectualmente, a dualidade, muitas vezes ser considerada absurda, a nossa consciência infantil concluiu, há muito tempo, que a vida era assim e assim é, até hoje. Até ser revista e atualizada. Para rever e atualizar nossas conclusões infantis precisamos investigar os nossos conflitos e as nossas dores a partir do ponto de vista da dualidade.

TRABALHANDO A DUALIDADE:
Cada doença tem em si mesma a sua própria cura. Como um antídoto. E o antídoto para a dualidade é entrar numa das polaridades e vivenciar a experiência, perguntando a cada momento: Qual a verdade desta situação? Qual a verdade, além da minha verdade pessoal e da verdade pessoal do outro? O que está por trás da ilusão?

Algumas técnicas ajudam a encontrar estas respostas. Fazer uma tabela de duas colunas e colocar lado a lado os opostos aparentes da dualidade, inserindo você e o outro em cada lado da tabela ajuda a clarear a situação de conflito. Saber quem está na posição de perdedor e quem está na posição de vencedor. Quais as atitudes consideradas vencedoras, melhores, boas, vantajosas e quais as atitudes consideradas perdedoras, piores, em desvantagem. Visualizando esta tabela fica mais claro e fácil para o ego encontrar, diagnosticar e reparar os erros. As muitas técnicas disponíveis em psicologia e terapias de autoconhecimento ajudam a ir desconstruindo as ilusões. Mas nenhuma literatura, nenhuma técnica substitui a vivência consciente da experiência. Atravessar a polaridade, ir da não-verdade até a verdade que está do outro lado (não até a outra polaridade, é bom lembrar). Na dualidade, a verdade da Unidade é transfigurada e dividida em dois opostos, em verdade pessoal e em mentira ou ilusão. A Verdade verdadeira, por assim dizer, não é a verdade que aparece em oposição à ilusão ou à mentira, mas a Verdade básica que existia antes de ser degenerada, distorcida em duas polaridades.

O grande objetivo é ir além da dualidade, além das polaridades. É fazer o caminho de volta, é recuperar a saúde, é encontrar a cura, a Verdade, a Unidade. Aí não haverá mais conflito nem sofrimento.