domingo, 9 de junho de 2013

PROJEÇÃO e PRECONCEITO de Lisélia de Abreu Marques


               Projeção. Sala de projeção. O nome nos remete a uma sala de cinema. Imagine uma sala escura onde imagens do mundo exterior são projetadas em uma tela. Compare isso com o nosso cérebro. O nosso cérebro fica trancado no escuro dentro de uma caixa craniana e lá recebe estímulos elétricos que são traduzidos em forma de som, imagem, tato, paladar, olfato entre outros. As informações vêm fragmentadas e o cérebro se encarrega de preencher as lacunas faltantes com informações de arquivo. Estas informações resultaram de experiências anteriores, ou seja, são passado. O que acontece? Pegamos uma informação novinha em folha e a mesclamos com as informações de arquivos passados para obtermos mais detalhes sobre ela. Pegamos por exemplo a ida a feira: a cada fruta ou vegetal exposto, teremos as impressões visuais, táteis, olfativas daquele momento presente mescladas com lembranças de experiências anteriores vividas em relação àqueles vegetais. Lembranças de infância, circunstâncias agradáveis ou não se juntam  ao momento presente e nos influenciam na escolha dessa ou daquela fruta. A lembrança de laranjas saborosas nos induzem a experimentar novamente e compramos novas laranjas que nem estavam tão saborosas assim.
           O mesmo acontece com outras circunstâncias da vida. Pessoas, lugares, coisas. Tudo o que tocamos, tudo o que nos chega de novo se mescla com o velho arquivo e, se por um lado isso aumenta o número de informações a respeito daquela coisa, por outro contamina tudo com pré – conceito, com pré-julgamento.  
            Agora vamos imaginar uma situação em que as nossas experiências não foram muito boas. Uma nova experiência parecida virá contaminada de passado e com uma carga emocional adulterada negativamente.  Já experiências positivas naquele sentido vem envoltas por boas lembranças.  Isso altera toda a nossa disposição para experimentar a vida. Boas lembranças nos impulsionarão para novas experiências e más lembranças nos fecharam para elas. É um tipo de mecanismo de defesa.
           O que percebemos com isso? Que somos parciais e subjetivos em todos os nossos julgamentos. Que as nossas avaliações se baseiam em experiências passadas e presentes. Quanto menos informações presentes obtemos de algum fato novo, mais recorreremos a  informações passadas para completarmos os dados sobre ele. Isso, aliado às imagens de massa e individuais não só influencia na formação de preconceitos como distorce o presente fazendo tudo se parecer um pouco mais com o passado. Quem nunca ouviu a frase: “Os homens são todos iguais.” “Mulheres são falsas e interesseiras.” Essas imagens podem influenciar a maneira com que as pessoas se relacionam entre os gêneros.
            A aquisição de novas experiências ajuda a aumentar o acervo de informações de que dispomos para os nossos julgamentos e avaliações. A repetição de experiências semelhantes fortalecem as imagens de arquivo a respeito daquela experiência.
         A projeção está presente em relação a praticamente todas as nossas avaliações: pessoas, objetos, lugares, etc.  portanto é muito importante estarmos alertas para não confundirmos o novo com o velho, o presente com o passado e não julgarmos mal as novas experiências por conta de experiências anteriores.

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