quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

VOCÊ JÁ PERDOOU HOJE? de Lisélia de Abreu Marques



 Bom dia. Um novo dia começa e pra fazê-lo realmente novo precisamos deixar pra trás a bagagem ruim. Trazer para hoje apenas o que vale a pena carregar, coisas tais como o aprendizado que tivemos, as descobertas que fizemos e as nossas ferramentas de evolução.

Pro passado ficar no passado precisamos perdoar. Perdão é admitir que o inaceitável aconteceu. Aceitar a realidade sem lutar contra ela, sem revolta, sem ódio, sem vingança, sem julgamento.  Não aprovar ou desaprovar, simplesmente admitir que o fato ocorreu e, então perdoar o imperdoável, abrir mão do castigo, deixar ir sem punição.

Parte de nós não admite isto. Acredita que não perdoar mantém a dívida para posterior reparação ou castigo e que isto é fundamental para que a Justiça seja feita. Perdoar seria o mesmo que deixar ir sem compensação, sem reparo, sem castigo. Não perdoar soa como justiça, como manter o equilíbrio da vida.

Todos ouvimos falar que perdão é uma qualidade divina e que somente pessoas especiais são capazes de perdoar, de coração, o que para a maioria de nós, seria imperdoável. Admiramos estas pessoas, ao mesmo tempo em que, em algum cantinho de nossas almas, as consideramos tolas.  Como cobradores das dívidas alheias nos sentimos poderosos e cheios de razão. Barganhamos, castigamos, maltratamos e damos vazão ao nosso lado carrasco sem culpa; Nos arvoramos  “justiceiros” e justificamos o mal em nós.

Você já perdoou Hitler e o nazismo?  Você já perdoou a bomba atômica jogada sobre o Japão?  Você já perdoou a Santa Inquisição com suas torturas e fogueiras de pessoas? Você já perdoou a traição de Judas?  
Quando não perdoamos nos tornamos cobradores. Batemos à porta dos nossos devedores, muitas vezes com raiva e rancor. Nos sentimos cheios de razão e poderosos. Há um prazer nisto. O prazer negativo de “estar certo” e o prazer negativo de cobrar. Nos sentimos no lado “seguro” da dualidade bem X mal, nos esquecendo que na dualidade não há lado seguro, pois a dualidade não é real, é apenas uma ilusão da mente.

Na cobrança há, também, a adrenalina do enfrentamento, supostamente em vantagem, sobre o devedor. Perdoar é sentido como abrir mão deste prazer negativo, desta vantagem, é como se entregássemos de bandeja a “vitória” ao outro, como se fossemos tolos.

Quando ouvimos falar em “dar a outra face”, sentimos como se fossemos nos expor ao perigo uma segunda vez, como se isto fosse uma tolice. Mas dar a outra face é perdoar e seguir em frente. Quebrar o ciclo vicioso de pagar o mal com o mal.

Perdoar é uma libertação, é se desvincular da ofensa, é deixar a bagagem ruim para trás. É começar o novo, sem a carga negativa e pesada do passado. É se libertar ao libertar o outro,  como é dito na oração do Pai Nosso ( Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tenha ofendido).

“O amor cobre a multidão de pecados” e só ele é capaz de nos fortalecer para o perdão. Só investidos do amor somos capazes de perdoar e o perdão mais difícil é aquele que devemos dar a nós mesmos. Conceder perdão a outrem, por mais que nosso senso imperfeito de justiça clame por vingança é mais fácil do que perdoar a nós mesmos. O autoperdão requer que abramos mão do medo de sermos castigados pela vida. Preferimos escolher nossas penas e gerenciá-las a deixar que a vida o faça, então começamos por retirar a felicidade. Como nos permitir ser felizes com tamanha dívida? Seria injusto e a dívida aumentaria. Então suprimir a nossa felicidade é o primeiro sinal de que precisamos do nosso próprio perdão, mesmo que não saibamos ou lembramos do que, exatamente, estamos nos culpando.

Pra começar um bom dia, um bom ano, uma boa vida devemos começar perdoando. Esta deve ser a primeira ação prática do dia, acordar, agradecer e perdoar e só então levantar e sair para a vida.

2 comentários:

  1. Olá, Lisélia.

    Bonita forma de começar o ano e percorrer cada dia dele.

    Perdoar, reconhecida forma de tornar a caminhada mais leve.

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