Passeando no jardim da minha casa, parei para observar as aranhas. Uma delas, como uma artesã, fiava sua teia durante algum tempo. Fiava, fiava, cuidadosamente a sua renda. Observei outra e percebi, que depois de feito o seu delicado trabalho, elas costumam ir para o centro da teia e lá, aguardam, quietinhas e confiantes, no sol, na chuva ou no vento, para que o Universo faça a parte dele trazendo a refeição.
E me dei conta que na Criação é assim. O fruto do trabalho é gerado no ventre do repouso, embalado pela confiança. Observei, também, que a árvore faz a semente e a deixa repousar na terra, confiante no milagre que irá despertar a semente para a germinação. E que o padeiro sova a massa e deixa que, no repouso, a massa cresça para que depois, no forno, se transforme em pão.
Atividade e passividade. Ação e repouso. Fé. Eis os elementos da criação.
É preciso fé, para fazermos a nossa parte acreditando que o Universo fará a dele.
E, é preciso que façamos a nossa parte para que o Universo possa fazer a parte dele.
É, esta relação, esta parceria entre a criatura e o universo, que faz surgir o novo. E neste processo de criação, a ansiedade e a descrença atrapalham. Plantar a semente e ficar remexendo a terra para saber se a semente já está germinando ou toda hora abrir o forno para ver se o bolo está crescendo, impedem que o Universo faça a parte dele. É preciso um voto de confiança, é preciso acreditar, é preciso esperar na fé.
Trabalho e fé são as ferramentas da natureza. As aranhas sabem e tecem cuidadosamente a sua melhor seda e oferecendo o seu trabalho ao Universo, se recolhem ao centro, aguardando em silêncio, deixando a teia em repouso. Findo algum tempo este repouso se quebra, a teia se agita e elas sabem que foram recompensadas. A refeição está servida.
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